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UM POEMA DE EDIMILSON DE ALMEIDA PEREIRA

O SAQUE

 

O museu de etnografia confere

ao arcaico

 

a certificação: o que era moeda

de matrimônio

 

(boi vermelho com chifre serrado)

é o caos

 

que, fora de si, não nos ameaça.

E dentro da norma,

 

sob as etiquetas, nos convence

de que a cultura

 

é um fruto nosso, não do alheio.

Sob as arcadas,

 

o museu tira a pele do animal azul.

Seus portavozes

 

(que divorciaram o boi vermelho

do sexo)

 

se distraem com o quebracabeças

do discurso.

 

Não houve suor, atrito não houve

entre os noivos.

 

Não houve sangue, nem dúvida,

de negar o pai

 

por um instante, e honrar a mãe

dando-se em

 

fuga. A noiva e o noivo (parece)

deramse

 

porque foram dados, testemunha

o boi

 

fornido vermelho dessa mostra.

O museu

 

se cumpre, legado de certa leitura.

Seus limpos

 

dentes de crocodilo oferecem o país

que não existe.

 

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Foto: Prisca Agustoni

EDIMILSON DE ALMEIDA PEREIRA é poeta e professor de Literatura Portuguesa da Universidade Federal de Juiz de Fora. Sua obra já foi traduzida para inúmeros países. Esse poema foi publicado pela primeira vez na 01Garibaldi e livro Relva, publicado em 2016 pela Mazza Edições.

Ana Lídia Resende Paula, Sin categoría

UM POEMA DE ANA LÍDIA RESENDE PAULA

JÁ NÃO ERA TEMPO

 

olho sem enxergar o mundo:
uma janela
uma senhora no escuro

tantos dias de fé…
tantos momentos de busca…
tanto saber,
tanto querer
um cansaço por não ser
e uma esperança na vida

já não era,
eu já não sou
porque desmonto
e me monto
quando encontro
alguém mais frágil – forte – que eu.

sou só rio
só riso
só esse choro
que molha meu rosto

sou abrigo
pra quem me abriga
e o desvio
de quem desvia olhares
sou a chave
o achar
procurar
sabedoria

a crônica
a poesia
o caos
e a senhorinha
que me avista
acena
e avisa:
– já conheço a vida, minha filha!

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ANA LIDIA RESENDE PAULA integra o grupo o BPS – Sociedade dos Poetas Brasileiros.  Publicou em 2012, aos 12 anos, seu primeiro livro de poemas, «Linhas Poéticas» e em 2014 lançou o livro “Poetguese – A Utopia Por um Mundo de Palavras» – publicado em Nova York, pelo Lettrs, que reuniu textos de 84 jovens de todo Brasil. Esse poema foi publicado na 01Garibaldi.

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COMO TEM PASSADO | ISMAR TIRELLI NETO

 

Tratemos agora de acordos felizes.

É do mundo das aparições

que o seu corpo se crispe

inteiro, e o cheiro

da pomada empesteie, enfim,

cada cômodo da casa,

assim passaram-se muitos janeiros,

e é preciso que ponham ordem e reparo

aos desastres

de um novo rosto que chega…

o dia todo lagarteando ao sol

sem pesar muito bem as consequências.

Tratemos de acordos felizes,

entre nós e o divórcio

entre as coisas, sutis modulações

de luz, temperatura, um latido…

Embora eu não morra de amores

pelo cão, ele acata comigo

as tardes mortas

e me desobriga de matar as baratas.

Às vezes é divertido

vê-lo perseguir o próprio rabo, pode ser

infinitamente desesperador.

 

 

 


sou mesmo uma desgraçada,

tudo me sai ao contrário

 

uma série de autorretratos falhados

 


ISMAR TIRELLI NETO é poeta e ficcionista. Nasceu a 1985, no Rio de Janeiro, e publicou, entre outros, os livros synchronoscopio e Ramerrão, ambos pela editora 7Letras. Esse poema foi originalmente publicado na 01Garibaldi. Compõe também essa publicação uma série de seis autorretratos falhados do escritor, publicados no Facebook.

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NO MUNDO COM PEDRO CRAVEIRO

FILLED WITH SUCH LONGING

nenhum comprimido me trouxe
a salvação do mundo e das coisas
ninguém – isto seja todos –
me defendeu do tempo incerto

procurei-te em todas as ruas de londres
porque todas as ruas de londres adivinham
os teus cabelos
mas os teus cabelos são os teus cabelos
e uma cidade é uma cidade
querer-te no impossível dos dias
ou no acaso de oxford street
é adiar-me
para outra geração

picadilly sem ti
é picadilly sem ti

imagina,
abbey road não te conhece
portobello espera-te
at least i deserve the respect of
a kiss goodbye

 

craveiro


PEDRO CRAVEIRO nasceu no Porto, em Portugal, e é aluno do mestrado em literatura da Universidade do Porto. Esse poema foi publicado anteriormente na 01Garibaldi.

Entrevista, Iacyr Anderson Freitas, Sin categoría

ENTREVISTA com Iacyr Anderson Freitas

 

 O MILAGRE DA POESIA JUIZFORANA

por Anelise Freitas

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Iacyr Anderson Freitas salienta “que Juiz de Fora tem uma tradição poética vigorosa”, pra logo em seguida completar dizendo como essa tradição se pautou em “um verdadeiro milagre”, já que “efetivamente esse patrimônio” nunca foi reconhecido. O poeta nasceu em Patrocínio do Muriaé (MG) em 1963. Entre seus livros publicados encontramos poesia, ensaio e contos. Já concorreu a vários prêmios literários importantes no Brasil e no exterior; sua obra também foi traduzida para diversas línguas. Seu último livro, Ar de Arestas (Escrituras; Funalfa, 2013), esteve entre os vinte e dois livros mais votados do ano passado no Portugal Telecom, um dos maiores prêmios de literatura em língua portuguesa – repetindo o feito de 2008, quando Quaradouro (Nankin Editorial; Funalfa, 2007) ficou entre os doze títulos mais votados no mesmo prêmio – e figurou também entre as indicações na mesma categoria no maior prêmio nacional de literatura, o Jabuti.

 

Nessa entrevista, publicada originalmente na revista literária Um Conto e, posteriormente, na 01 Garibaldi, Iacyr fala sobre a poesia feita em Juiz de Fora, durante os anos 80, quando publicações como o folheto Abre Alas e a revista D´Lira agitam a cena poética da cidade (poética no sentido mais amplo, pois coabitavam artistas variados). Com o mesmo carinho do poeta Iacyr Anderson Freitas convido vocês a lerem a entrevista que segue abaixo.

Quando falamos sobre a geração de poetas dos anos 80 (principalmente no que tange ao folheto Abre Alas e à revista D´Lira), em Juiz de Fora, seu nome é constantemente lembrado. Entretanto, em outra entrevista, você alega não saber “tecer qualquer comentário equilibrado sobre o que se passou na cidade naquele período”. Portanto, mesmo que de maneira desequilibrada, gostaria de saber como você define a sua participação naquele momento marcante para a poesia local.

Resposta: Eu não consigo definir minha participação naquele momento. Aliás, creio que a vida é mesmo infensa a definições. Como sempre digo nos cursos que ministro, matamos o que definimos. Talvez felizmente. Retomando o fio da meada: participei dos conselhos editoriais da revista d’lira e do folheto abre alas, mas confesso que não tive como me dedicar muito às tarefas de edição. Perto dos trabalhos desenvolvidos pelo Zé Santos e pelo Mutum (o falecido José Henrique da Cruz), por exemplo, a minha contribuição efetiva era uma equação cujo resultado tendia a zero. Na época, eu cursava Engenharia Civil na UFJF, tendo aulas de segunda a sábado, as mais das vezes das sete da matina às seis da tarde. Durante um bom tempo fui Diretor de Cultura do DCE e me dediquei, ainda, à militância estudantil. A ditadura militar estava nos estertores – como o próprio país, aliás – e ninguém imaginava como a situação política brasileira poderia superar, sem sequelas, quase vinte anos de repressão e descalabro. De quebra, eu lutava muito, financeiramente falando, para me manter em Juiz de Fora, pois meus pais não tinham recursos e a carga horária da UFJF não me permitia trabalhar. Passando esse período a limpo, mais de trinta anos depois, vejo que tudo ali foi muito fértil e rico, mas também muito difícil. Por conta de todas essas dificuldades, minha participação naquele momento em Juiz de Fora, seja como poeta ou editor, foi muito modesta.

Durante o colóquio “relendo a poesia dos anos 70 aos dias atuais”, realizado pela UFJF em 2005, você declara que nos anos 80, na nossa cidade, havia uma “comunhão de interesses estéticos ou sociais”. No prefácio do Livro de sete faces – poetas em diálogo (antologia juiz-forana que reúne poetas dos anos 90), o também escritor Edimilson de Almeida Pereira diz que aqueles poetas possuíam mais afinidades pessoais do que poéticas. A “sua geração” ainda está em profícua atividade, assim como a geração subsequente, entretanto há em Juiz de Fora um número considerável de novos poetas, também em diálogo. Como você vê a poesia feita na cidade após os anos 2000?

Resposta: A citada comunhão de interesses estéticos ou sociais tinha por base, no início dos anos 1980, a luta contra o regime de exceção e a persistência, ainda, a despeito da tão propalada “abertura”, de determinados canais de censura. Esses temas uniram a comunidade artística da cidade. De fato, artistas de diversas áreas procuravam estabelecer diálogos e parcerias, objetivando trabalhos conjuntos. Essa foi uma marca daquele período. No que se refere à poesia atual da cidade, é importante salientar que Juiz de Fora tem uma tradição poética vigorosa, o que é um verdadeiro milagre, pois nossa cidade nunca reconheceu efetivamente esse patrimônio e nunca soube implementar políticas de incentivo à leitura ou de formação de público para o universo lírico; o que é lamentável, em todos os sentidos. Vejo muita qualidade na poesia atualmente produzida em Juiz de Fora. De certa forma, a chama da nossa tradição continua acesa, agora através de novos nomes e novos livros.

Qual e como é o público que consome poesia em Juiz de Fora atualmente? Existe alguma singularidade em relação aos anos passados?

Resposta: Eis aí uma pergunta difícil de ser respondida. Se a gente leva em conta o que o mercado livreiro considera público consumidor, a poesia não existe, comercialmente falando. E isso, claro, não é um problema local, infelizmente. Basta uma passada d’olhos nas maiores livrarias da América Latina. É difícil encontrar alguma que possua, entre dezenas de milhares de exemplares, mais de cinquenta títulos de poesia. Para um mercado que se encontra voltado quase que exclusivamente para a divulgação e o consumo do texto paraliterário, a poesia não tem futuro. Ora, o texto lírico exige um leitor ativo, capaz de preencher as lacunas semânticas e, mais ainda, capaz de produzir sentidos através da própria leitura. A poesia opera no (des)limite da linguagem, na extremidade dos seus horizontes cognitivos, muitas vezes com francas aberturas para o imaginário. Sua configuração refuta qualquer possibilidade de leitura que esteja voltada apenas para a confirmação de expectativas. Logo, a cisão existente entre lírica e mercado é, mantida a condição atual, insolúvel. Felizmente insolúvel. Apostar na mudança desse quadro – sem trabalhar com políticas capazes de atenuar os entraves gerados pela atual ditadura de mercado – é apostar no convívio pacífico de lobos e ovelhas. Deixando de lado as louváveis exceções, o público que consome poesia é em grande parte composto de poetas. Nos lançamentos, os autores conseguem justificar uma cota mínima das mínimas tiragens – não sem algum estorvo – amolando parentes e amigos eventuais. Foi assim antes e deverá continuar da mesma forma por um bom tempo. Sem políticas de incentivo à leitura e sem estratégias de formação de público leitor, continuará assim até que o rei D. Sebastião retorne da batalha de Alcácer-Quibir. Ou até o Armagedom, no mínimo.

No mesmo colóquio citado acima você disse que seus dois primeiros livros, retirados de sua documentação literária pessoal, são “equívocos bibliográficos”. Ano passado você foi novamente indicado a um dos maiores prêmios literários em língua portuguesa, o Portugal Telecom. Nessa perspectiva sua poesia amadureceu. Gostaria, dessa forma, que você falasse sobre a indicação e como ela se relaciona com a maturidade adquirida pela sua poesia.

Resposta: Eu fiquei surpreso com a indicação. Em primeiro lugar, porque eu não sabia que a Escrituras havia efetuado a inscrição do meu livro no prêmio. Após a divulgação do resultado, recebi um monte de mensagens e diversos telefonemas. De início, não compreendi direito o que estava acontecendo. Em segundo lugar, porque estar entre os vinte e dois livros mais votados do ano – e de um ano tão rico em grandes títulos poéticos – foi mesmo um feito considerável para o Ar de Arestas. Afinal de contas, a comissão julgadora dessa fase do Portugal Telecom é formada por centenas de escritores, críticos e professores de literatura de diversas partes do país. Eu resido em Juiz de Fora, sou funcionário público aqui, não me desloco habitualmente para lançamentos e palestras, não me encontro inserido no meio acadêmico, não sou figurinha fácil nos segundos cadernos dos grandes jornais, não tenho “vida literária”, por assim dizer, e isso dificulta bastante o processo de divulgação de minha obra. Não faz muito tempo, creio que em 2008, meu livro Quaradouro ficou entre os doze títulos mais votados no mesmo Portugal Telecom. Essas surpresas me animam, mas não sei até que ponto a palavra maturidade se encaixa nesse contexto. Comecei a escrever e a publicar poesia em 1981. Todavia, meu conjunto de obra é um caleidoscópio. Por quê? Porque não quero ficar me repetindo. Quando acredito que certo tipo de linguagem já se encontra cristalizada em meus livros, procuro outros caminhos. Para qualquer escritor, as zonas de conforto são campos minados. Às vezes, cemitérios de reputações e promessas. A poesia, como a vida, precisa valer a pena. Precisa valer o risco. Assim, sinto-me sempre recomeçando, fato que tem pelo menos a vantagem de aguçar, em mim, a navalha crítica, melhor dizendo, autocrítica. Sem essa navalha, não se escreve coisa que mereça pousar em livro. É claro que as críticas sinceras são imprescindíveis. Tão imprescindíveis quanto raras, infelizmente. Mas tais críticas devem aparecer num segundo momento, depois que a nossa navalha autoral já fez todos os cortes e ajustes possíveis. Por isso acredito que a palavra maturidade não sirva muito bem para o caso. Continuo sem saber começar um livro e, quando o começo, continuo sem saber como acabá-lo. Estabelecido o ponto final, após contendas intermináveis, continuo desconfiando que o rebento não faz jus ao batismo de Gutemberg. Planejo escrever livros que, no fim das contas, sempre trilharão caminhos bem diversos do planejamento estabelecido. Quanto mais estudo, menos compreendo essa coisa transcendente a que chamamos poesia. Se a maturidade for isto, – esta redobrada incerteza, esta vontade de recomeçar a cada segundo, este “não sei quê, que nasce não sei onde, vem não sei como e dói não sei porquê” –, maravilha! Aceito de bom grado.

 

IACYR ANDERSON FREITAS publicou vários livros entre poesia, ensaio e prosa. Teve sua obra traduzida para diversas línguas e foi contemplado nos principais prêmios literários do país.

Entrevista concedida à Anelise de Freitas em julho de 2014 e, originalmente, publicada em janeiro de 2015, no site da Um Conto – Revista Literária.

Paula Duarte, Sin categoría

DA CASA, com Paula Duarte

 

paula.jpg    ©Autorretrato de Paula Duarte

 

Desde 2007, salvo engano, a poeta paranaense Ana Guadalupe escreve para o seu blogue, Welcome Home Roxy. Além do nome que remete ao lar, a poeta tem alguns textos que falam sobre a intimidade da casa e suas possíveis relações com ela (como em a/c proprietário do imóvel). O também poeta Mariano Marovatto tem um livro, no prelo, chamado Casa e Otávio Campos, Anderson Pires e Anelise de Freitas trabalham no livro, com título provisório de Poemas para a casa. Ou seja, recentemente essa temática tem se alastrado por alguns poetas mais jovens e é muito interessante vê-la também nas artes visuais. No caso de Paula Duarte, na fotografia. A artista diz que fotografar a própria casa surgiu muito naturalmente, a partir de seu interesse pelas coisas banais, às vezes esquecidas, outras vezes incômodas. Dar corpo ao trabalho foi o mais complicado, pois quando percebeu tinha um grande arquivo íntimo e começou a pensar como reunir esse trabalho dentro de um proposta à outros olhares além do seu.

De casa foi contemplada pelo III Prêmio Funalfa de Fotografia, o que garantiu a sua exposição na mostra anual Foto 14. As fotos ficavam em uma espécie de armário – em que o convidado precisava manipular as gavetas para visualizá-las –, atrelado ao fato da exposição estar na reinaugurada Casa Vinteum, da fotógrafa Nina Melo, (uma casa antiga e reformada no bairro São Mateus), corrobora para a concepção final de seu trabalho. Paula Duarte afirma que ao ser selecionada, esperava expor no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas, como havia acontecido nos outros anos. Paulinha, como é conhecida entre os amigos, tem certeza que “a casa” agregou muito a sua proposta. A mudança foi uma surpresa e a fez muito feliz. Não foi uma escolha da artista e sim da organização, que teve bastante consciência ao propor o local. “A Nina é uma grande movimentadora da arte fotográfica em Juiz de Fora, a ideia de trazer o espaço cultural para uma residência é um fator de aproximação do público”, alega Duarte.

Falar da casa é mais que falar de si mesmo, mas de todos que partilham o espaço (isso se for falar da casa física, quatro paredes). Para Paula o gesto de abrir uma gaveta é algo corriqueiro e, ao mesmo tempo, uma metáfora sobre o acesso a algo interno e muitas vezes esquecido. Entre a coleção de fotografias raramente há alguma pessoa clicada, ou seja, há uma predominância dos objetos da casa. A artista escolheu mostrar a presença de forma sutil: “nunca revelo um corpo por inteiro, mas a disposição dos objetos, as marcas do tempo e os desgastes do uso mostram uma presença na ausência”. Nunca se vê uma pessoa, mas se tem a certeza que essa é uma casa habitada.

(Publicado originalmente na 01 O Garibaldi.)

PAULA DUARTE é graduada em comunicação social pela Universidade Federal de Juiz de Fora e trabalha também com artes visuais, voltando sua produção e pesquisa ao fazer autoral. Em 2014, foi contemplada pelo III Prêmio Funalfa de Fotografia.

O Garibaldi, Sin categoría

POUCA COISA SOBRE UM MONTE DE COISAS // PARA DIZER SOBRE 1 ANO

Ter um animal de estimação no primeiro ano de vida diminui as chances de uma alergia; um ano é o tempo que a terra leva para girar ao redor do sol; existem também vacinas importantes que os bebês tomam antes de completar um ano de vida; o primeiro ano é crucial para o crescimento de um bebê. A primeira etapa, a mais difícil. A decisão que nos leva a completar os outros estágios de crescimento. O Garibaldi Revista completa seu primeiro aniversário!

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Foto: Laura Assis

Publicamos, desde então, inúmeros escritores contemporâneos, reformulamos nossa antologia, escrevemos cabeçalhos e memorandos. A poesia não renasceu depois de nós, mas se manteve, de alguma forma, viva. E estar viva para a poesia é fundamental, já que tem vivido nos livros sem circulação que circulam nas academias, entre os intelectuais musculosos, carregadores de peso. Engatinhamos na direção de uma possibilidade.

Até a quarta edição – a ultima que havia sido disponibilizada na rede – foram quase 5000 leituras. CINCO MIL LEITURAS, em 4 edições de uma revista de poesia. A partir da quinta edição começamos a fazer a versão impressa, mas agora todas as edições estão disponíveis na plataforma virtual. Aproveitamos para agradecer nominalmente a cada um dos colaboradores desta revista, que nasceu e existe, também, por vocês: Otávio Campos, Marcela Batista, Anderson Pires da Silva, Ana Lidia Resende Paula, Paula Duarte, Ismar Tirelli Neto, Pedro Craveiro, Frederico Spada Silva, Iacyr Anderson Freitas, André Capilé, Edimilson de Almeida Pereira, Prisca Agustoni, Roberto Corrêa dos Santos, Danilo Lovisi, Rodrigo Rocha, Bruna Werneck, Clara de Góes, Patrícia Lino, Ricardo Pozzo, Isabela D’Ávila, Fabiano Alborghetti, Anelito de Oliveira, Maria Borio, Igor Werneck, Renan Duarte (Renão), Adriano Smaniotto, Ramon Nunes Mello, Laura Assis, Augusto Guimaraens Cavalcanti, Farley Rocha, Mariana Mello, Diego Moraes, Mariana Basílio, Jørge Pereira, Mário José dos Santos, Markus Groza, Gabriela Clara Pignataro, Catarina Souza y Silva, Fernanda Vivacqua, Adriana Píriz, Eric Moreira, João Meireles, Mari Quarentei, Rob Packer, Denise Freitas, Carolina Barreto, Marília Garcia, Ana Guadalupe, Anna Mancini, Adelaide Ivánova, Júlia de Carvalho Hansen, Carla Diacov, Juliana Gervason, Nina Rizzi e Alice Sant’anna.

Garibaldi cinema, Garibaldi pássaro, Garibaldi revista. Um ano. Ou muito mais que um ano. Uma vida. Criamos. Sem estatísticas.

Para ler a última desta revista edição clique aqui.

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L’anima di uno strumento ad arco

 

Nell’arco della vita

La pioggia mi ha bagnato di pianto

Come l’arte astratta dello scrivere

Ma il mio cuore non ha la sorte

Di tener qualcuno a bocca dolce

In un tipo di terra

Che non beve la pioggia.

 

Allora, mi sono avanzate solo poche lire

Per toccare il cielo con un dito.

 

 

Jørge Pereira (Recife, 1994), colaborou com revistas de literatura lusófonas como a Subversa, 7 faces, Usina, O Garibaldi, Flaubert e Fluxo. Publicou poemas em coletâneas de autores ibero-americanos e colaborou com curadoria artística para o Escrever nas Margens em Portugal e com o Espacio Cultural Violeta, no Chile.